A parábola do filho pródigo no evangelho de Lucas mostra uma revelação de dois personagens que Jesus compara entre dois comportamentos: a) aquele que é inconsequente com sua vida espiritual, esbanjando toda sua vida na futilidade e prazeres da carne, mesmo que isso lhe custe a sua ruína; b) aquele que é enrijecido pela vida espiritual legalista e engessada em rigidez litúrgicas que o transforma num ser petrificado e sem amor. É desprovido de misericórdia porque não sabe perdoar, apenas aprendeu a disciplinar os atos externos dos culpados, embora, internamente, suas atitudes não diferem, em nada, daquele que por ele é julgado.
Na Parábola registrada em Lucas 15:11-32, mostra a saga de um relacionamento familiar entre um pai compassivo, amoroso, misericordioso, bondoso,perdoador e compreensivo, em contraste com seus dois filhos: um de vida dúbia e outro de vida sectária. Na realidade Jesus está ilustrando nessa parábola os dois lados da mesma moeda, ou seja, o homem tanto sectarista como dúbio são pessoas depravadas em si mesmas e que tanto um como outro precisa nascer de novo. Veja o episódio ocorrido entre Jesus e Nicodemos. Quem era Nicodemos? Diz João que ele era príncipe dos judeus (João 3:1-21). Era membro do sinédrio. Era tão importante que tinha medo que alguns de seus companheiros o visse publicamente conversando com Jesus, por isso, oculto na escuridão, teve uma entrevista com Jesus. Com toda a sua religiosidade e conhecimento teológico, Jesus foi muito enfático: "é necessário nascer de novo sem o qual você não verá o Reino de Deus. Sem uma nova perspectiva ninguém, além de não ver, não viverá o Reino de Deus. Então observo que tanto para Nicodemos, como para a mulher adúltera havia o mesmo dilema, porém em situações diferentes: no primeiro caso, seus atos internos, não extravasados, não o inocentava de seus pecados ocultos, ou de sua natureza pecaminosa, por isso que a Bíblia diz que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus. Todos, sem excessão! No caso da adúltera havia a externalidade de seus atos o que a fazia condenável, pois todo pecado é uma afronta ao Deus santo, seja ele externo ou interno. Todos pecaram! E o perdão é o dom inefável de Deus para todos os que creem na expiação de Jesus, seja ele um dúbio ou um sectarista.
A aplicabilidade dessa parábola serve tanto para quem externaliza o pecado como para quem apenas o oculta (leia Mateus 5-7). A maldade, é uma só. Está enraizada dentro do ser humano e só pode ser removida através do sangue de Jesus que o redime de toda culpa. O pródigo, externou tudo que sua natureza pecaminosa o induziu a fazer. Não queria mais a companhia do pai; afastou-se para viver toda a sua depravação que estivera oculta em si; usou e abusou de todos os prazeres pecaminosos e sofreu, também na carne, todas as conseqüências oriundas do pecado. O pecado é assim mesmo: traz prazer no início e desgraça no fim. Porque o salário do pecado é a morte.
E o bom moço que ficou em casa, era melhor? O texto, por si mesmo fala: era igual ao pródigo, porém, com manifestação diferente. Ele não tinha os dons do pai; era desprovido da misericórdia, do perdão e do amor. Só havia em seu coração a lâmina cortante do juízo: seu irmão não poderia ter mais oportunidade de recomeço. Tinha que ser punido, negligenciado. Tinha que si virar sozinho e se, morresse, problema dele, afinal de contas foi ele quem procurou isso.
De um lado a linha dura farisaica, mostrando um comportamento irredutível, frio e hipócrita, desumano, como fizeram com Jesus: crucifica-O, pois é digno de morte tal homem. Homens sem afeição, que perderam a docilidade pela rigidez fanática da liturgia petrificada de sua religião. Religião é um veneno que mata o homem aos poucos. Podemos transformar nossa fé cristã, num veneno religioso se perdermos o foco da grandeza e do amor de Jesus Cristo.
Na verdade, nessa parábola, Jesus está enfatizando que, tanto o que vive enfornado dentro da religiosidade, como quem vive atirado às paixões da carne, todos estão debaixo do mesmo crivo do pecado. Um, enrustido, outro externado. No fim do episódio o irmão mais velho demonstrou com suas atitudes que era tão mau quanto seu irmão mais novo que abandonara sua casa e o amor de seu pai. Todos dois estavam enquadrados no mesmo pecado: falta de afinidade com o Pai. Por mais que pensemos o fato de irmos a igreja todos os cultos não nos faz íntimos de Deus. Precisamos buscar a experiência pessoal, esvaziar todo nosso ser para que Jesus nos preencha da sua graça; deixar ser guiado pelo Espírito Santo e nesse enxerto produzirmos os frutos de arrependimento que são gerados pela ceiva, que é Jesus, em nossos corações. Frutos dignos de um genuíno arrependimento.
Não interessa, para Deus, se você é "certinho" ou da "pá-virada"; não são os atos pessoais de justiça que agradam a Deus, mas o coração convertido a Jesus. As mudanças na sua vida depende de uma operação regeneradora que só Deus pode fazer. A mensagem é clara: todos nós precisamos nascer de novo para sermos transformados à imagem gloriosa do Senhor Jesus. Então, finalizando, na passagem do filho pródigo vemos o mais velho e o mais moço vivendo o mesmo drama em perspectivas diferentes. O pecado é um só, seja dentro da igreja ou fora dela. Se não nascermos de novo, não veremos a glória de Deus.
Pr. Julio César M. Pereira
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